N°3089 (Nova Série), Segunda­Feira, 9 de Março de 2009 ­ JORNAL TRIBUNA DE MACAU ­

“O autor do livro não é simplesmente meu pai. Vai muito além disso. É também amigo e mestre, uma pessoa extraordinária, de sabedoria indescritível...” Sabrina Paes d’Assumpção

Numa recente deslocação ao Brasil, tive o grato prazer de reencontrar um dos meus melhores amigos do tempo de adolescência, o Alberto Carlos Paes d’Assumpção, mais conhecido por Acaio

, há mais de três décadas radicado naquele país lusófono. Apesar da hora tardia e de residir numa localidade situada a muitos quilómetros do Rio de Janeiro, não quis deixar de, com a família, me aguardar no aeroporto e dar a este companheiro de muitas lides, naqueles anos despreocupados do ensino secundário em Macau, um caloroso abraço de boas­vindas, extensivo ao José Lobo do Amaral, vice­presidente do Instituto Internacional de Macau, que viajou comigo, como convidados do Liceu Literário Português para as comemorações do seu 140o. aniversário. A recepção prosseguiu até alta madrugada, no Centro Cultural Carioca, em ambiente descontraído de samba, interpretado por um dos melhores conjuntos da actualidade, o “Sururu na Roda”, com a jovem e já consagrada Nilze Carvalho, o seu irmão Sílvio e os igualmente talentosos artistas Camila Costa e Fabiano Salek. Fomos recebidos pela gerência e pelos artistas com tratamento VIP, por o Acaio ser pessoa conhecida e respeitada nessa acolhedora casa de convívio musical, sempre lotada, ali reinando a qualidade e a genuína alegria das quentes noites cariocas.

No dia seguinte, largas dezenas de sócios da Casa de Macau participaram num almoço de confraternização na sede da agremiação. Distinguido há já alguns anos por aqueles conterrâneos e amigos com o título de membro honorário, senti­me, obviamente, em casa e ali ficámos em amena cavaqueira horas a fio. O José Pina e o Chico Rodrigues, ex­presidentes, o Pedro Almeida, presidente cessante, o Luís Pedruco, os irmãos Carion e tantos outros foram inexcedíveis em atenções. Juntaram­se a nós alguns companheiros do Elos Clube do Rio de Janeiro, outro organismo a que fiquei afectivamente ligado, depois de presidir, em dois sucessivos mandatos (1999­2003), ao Elos Internacional – Movimento da Comunidade Lusíada, que tem sede na cidade brasileira de Santos. Entre os elistas, encontravam­se o António Abraços e o ex­deputado Eduardo Moreira, velhos amigos portugueses do Brasil. Foi nesse convívio que o Acaio me ofereceu mais um exemplar do seu livro publicado em 2007 e intitulado “Método Acaio – Massagem para Coluna” (um outro tinha já sido remetido ao Instituto Internacional de Macau) e nos surpreendeu com os seus rápidos e seguros diagnósticos e recomendações feitas a alguns pacientes. Acabado de regressar do Canadá, onde fora falar a fisioterapeutas e a outros profissionais similares, tinha acabado de receber um convite para apresentar o livro na Universidade de São Paulo. Na conversa connosco, foi absolutamente convincente na forma como abordou questões relacionadas com problemas de coluna, cada vez mais generalizados em todo o mundo, e sobre a maneira de os resolver. O livro, destinado especialmente a profissionais, é também útil a qualquer pessoa que queira saber mais sobre esses males. Como bem refere a sua filha Sabrina num dos prefácios (o livro tem dois curtos prefácios, muito elucidativos e cheios de ternura, escritos pelas duas filhas, ambas fisioterapeutas), “esta é uma obra simples e única que aborda não só uma técnica de massagem, mas toda uma experiência de vida e profissional. A linguagem é simples e de fácil compreensão, pois tem como objectivo esclarecer a profissionais da área ou não essa técnica fantástica que vem surtindo efeitos notáveis ao longo destes anos”. Quanto ao autor, identifica­o do seguinte modo: “o autor do livro não é simplesmente meu pai. Vai muito além disso. É também amigo e mestre. Pai é aquele que gera e dá amor incondicional. Amigo é aquele que ri com você, ampara e nunca deixa você cair. Mestre é aquele que ensina e proporciona a única coisa que ninguém pode tirar de você: o saber. Sou eternamente grata a esse ícone. Uma pessoa extraordinária, de sabedoria indescritível, a quem eu tenho a honra de chamar pai.” Silvana, a outra filha, explica que “este livro trata de uma cultura milenar, de conhecimentos adquiridos, acima de tudo, por meio de tradição e respeito, associados ao conhecimento e à prática. Procura falar a todas as pessoas despertadas pela curiosidade, seja por sua própria dor física ou pela de um ente próximo ou até mesmo pela dor da humanidade. Torna­se necessário falar, entre outras coisas, sobre a importância dos costumes, entendimentos e percepções”. Mais adiante, acrescenta que “ao ler este livro, cada um poderá ter sua própria opinião em relação à massagem do Acaio. E a sua origem provém de várias fontes. Necessito dizer que não tenho como expressar minha gratidão ao meu pai, em sua grande percepção da vida e por sua fé em minha vontade de dar continuidade ao seu trabalho.”

Acaio nasceu em Macau em Setembro de 1942 e concluiu o Curso Industrial do Colégio D. Bosco em 1963. Destemido e de espírito inventivo e aventureiro, dedicou­se a diversificadas actividades, com destaque para as que requeriam audácia e coragem. Distinguiu­se também no karate, graduando­se faixa preta pela Go­Ju Ryu Seigokan Karate­do em 1970, pelo mestre Seigo Tada. Também aprendeu “on­mó song kuat” com o mestre Lei Lau e noções gerais e práticas de medicina tradicional chinesa com o mestre Lau Kim Keong. Emigrou para o Brasil em Março de 1971, trabalhando inicialmente em projectos industriais no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo que ministrava lições de karate e atendia pessoas com entorses, luxações e dores de coluna. Retornou a Macau em 1980 para aperfeiçoamento das técnicas de “on­mó”, tendo encontrado o seu mestre já doente e idoso, vindo a falecer meses depois. De volta ao Brasil, criou o seu próprio método de massagem, utilizando os seus conhecimentos de física e matemática como pilares para o correcto desempenho dos diagnósticos de males da coluna vertebral. Ao longo de 43 anos dedicados a estas actividades e ao aperfeiçoamento das técnicas envolvidas, muitos milhares de pacientes foram por ele atendidos. O livro abre com um agradecimento a Vera, sua esposa, companheira e secretária, que acompanhou de perto a sua preparação, e com uma dedicatória aos filhos e netas, em especial à Silvana e à Sabrina, fisioterapeutas, “na esperança de que perpetuem este método de tratamento, contribuindo para alívio da humanidade”. Os diversos capítulos explicam o que é a coluna vertebral, as causas e os efeitos dos males da coluna, o Método Acaio de massagem, o diagnóstico, a massagem específica e como manter um coluna sadia. A edição é do próprio autor, podendo exemplares do livro ser adquiridos por contacto directo, através do seu endereço electrónico acaio@metodoacaio.com.

Abundantes ilustrações enriquecem a obra, exemplificando as formas de tratamento de desvios unilaterais da coluna cervical, da coluna torácica superior, mediana e inferior e da coluna lombar, de desvios bilaterais, de desvios unilaterais rotatórios, de desvios bilaterais rotatórios, de cifoses e de lordoses várias. Recomendações fáceis de observar são apresentadas na parte final sobre a maneira de manter a coluna saudável: uma vida regrada e um sono reparador, sem sobressaltos e interrupções e com uma duração de seis a oito horas, uma boa alimentação, com refeições variadas, preparadas com bom senso e dosagem correcta, e a prática de exercícios físicos regulares adequados à idade, sendo sugeridos os tipos de exercício, a sua duração e a altura do dia mais conveniente para a sua prática, conforme a idade de cada um.

Apraz­me registar esta história de sucesso que é a actividade profissional do Acaio e promover, neste espaço, a divulgação do seu livro e do seu método, tão importante para o bem­estar de muitos pacientes no Brasil e agora também além­fronteiras.

Tinha já concluído este artigo, quando recebi a notícia da escolha do Luís Pedruco, na semana passada, para presidente da Casa de Macau do Rio de Janeiro. Almoçámos há dois meses em Lisboa, na Casa de Macau. Certo de que ele merecerá o apoio dos associados, desejo­lhe os maiores sucessos na gestão da Casa.

* Presidente do Instituto Internacional de Macau. Escreve neste espaço às 2as feiras.